Carta dos Fundadores
Nos últimos anos, passamos por uma verdadeira revolução nos modelos de inovação em empreendedorismo. Estamos vivendo uma era em que a inovação é baseada em plataformas de negócios, ecossistemas de inovação, capacidades dinâmicas e metodologias ágeis.
Hoje, a inovação depende cada vez mais de um esforço colaborativo, onde a prática da open innovation está se tornando a principal estratégia de inovação de empresas líderes em todos os setores. Nesse modelo, empresas de todos os portes buscam, no relacionamento com ecossistemas de inovação, os recursos necessários para sustentar sua transformação e crescimento por meio da inovação, construindo suas plataformas de negócios ou participando das existentes.
Essa massiva adoção de práticas de open innovation por parte das empresas incumbentes, as quais chamamos de Open Corps tem fomentado cada vez mais o surgimento de toda uma nova geração de startups abertas à inovação em colaboração com corporações, que denominamos Open Startups.
Tanto para Open Corps, quanto para Open Startups, a inovação cada vez mais é reconhecida como fruto da interdependência de ecossistemas e da sua orquestração via plataformas de negócios.
Nesse novo modelo de organização do mercado, ganha importância a inovação a partir de metodologias ágeis, que promovem tanto as inovações incrementais quanto as disruptivas. As inovações disruptivas não precisam ser necessariamente de longo prazo ou a partir de grandes avanços tecnológicos. Pelo contrário, podem ser combinações de tecnologias existentes, que podem acontecer em um período mais curto e, ainda assim, serem de alto impacto.
As metodologias ágeis são tipicamente exploradas pelas estruturas empresariais mais flexíveis das startups, o que fortalece ainda mais o movimento de empresas estabelecidas buscarem uma interdependência com o ecossistema empreendedor. Nessa nova organização do mercado, as startups cumprem o papel como atores mais ágeis para validar inovação em um ritmo mais rápido e enxuto exigido pelo mercado.
Esse conjunto de mudanças tem feito emergir a gestão de ecossistemas de inovação como uma nova tipologia nesse contexto de plataformas digitais, e essa é a grande transformação que vivemos hoje: a inovação, cada vez mais, reconhecida como fruto da interdependência de ecossistemas e sua orquestração via plataformas.
Estamos muito satisfeitos com os resultados e a riqueza de informações que conseguimos apresentar neste estudo. O volume de dados coletados é uma grande conquista do ecossistema de inovação brasileiro. Não identificamos, na literatura internacional, nenhum outro estudo sobre o tema com uma população de análise equivalente. Foram analisados dados primários sobre interações de open innovation entre 4.982 corporações e 18.355 startups no período de 2016 a 2021 no país.
Essa é uma conquista de todo o mercado brasileiro, que aderiu à proposta do Ranking 100 Open Startups desde 2016 e, ano a ano, contribui com dados valiosos sobre a prática de open innovation com startups no país. Dados que agora nós podemos devolver ao mercado e ao ecossistema de inovação na forma de estudos como este que apresentamos agora e outros que ainda virão.
Nosso objetivo é compartilhar conhecimento que possa auxiliar corporações, startups e demais atores do ecossistema de inovação brasileiro a direcionarem e otimizarem seus esforços nesta cada vez mais promissora prática de inovação e negócios.
Muito obrigado e boa leitura!
Bruno Rondani, CEO
Rafael Levy, CTO
Carla Colonna, COO
Fundadores da 100 Open Startups
Introdução
O Ranking 100 Open Startups destaca, anualmente, as startups mais atraentes para o mercado corporativo. Publicado desde 2016, a partir da edição 2018, passou a destacar, também, as corporações que mais se engajam no relacionamento com startups, as Open Corps.
Desde a primeira edição, há cinco anos, observamos um grande amadurecimento do ecossistema de inovação e empreendedorismo no Brasil e o aumento exponencial da prática de Open Innovation com Startups no país. Assim, a publicação, que contou com 82 empresas participantes em 2016, hoje registra mais de 3.300 corporações com contratos firmados com startups.
O Ranking 100 Open Startups é construído a partir da coleta de dados primários, validados por um processo de verificação e auditoria. Em outras palavras, o Ranking mede, de forma objetiva, o volume e a intensidade das relações de open innovation estabelecidas entre startups e empresas, permitindo espelhar os pontos dados às empresas e às startups.
A divulgação dos resultados do Ranking 100 Open Startups 2021 foi dividida em dois momentos: a premiação das TOP Open Corps e a premiação das TOP Open Startups e demais categorias. Para a premiação de corporações, com o expressivo aumento na densidade de empresas realizando Open Innovation com Startups, neste ano, além das TOP 100 Open Corps, também foram reconhecidas as TOP 5 Open Corps em 25 categorias com mais densidade de relacionamentos.
Tanto as corporações como as startups incluídas nas listas TOP 100 e TOP Categorias colhem benefícios tangíveis por meio de reconhecimento e reputação no ecossistema de inovação. Mas o impacto do Ranking vai muito além das premiadas, já que todo o mercado pode se beneficiar da geração de dados, análises e estudos sobre a prática da Open Innovation com Startups no país, possíveis graças à natureza data-driven da metodologia do Ranking.
Nesses estudos, podemos observar e destacar os principais movimentos de inovação aberta no país, sua densidade e concentração. A partir dos dados coletados, identificamos quais são as modalidades de relacionamento mais comuns, os valores envolvidos e os setores que trazem mais oportunidades.
Incentivamos a pesquisa científica em torno da inovação e empreendedorismo e apoiamos iniciativas que se aproveitam dos dados para gerar conhecimento, como o Bridge Ecosystem, projeto acadêmico em parceria com a Universidade de São Paulo e com a ISA CTEEP por meio do PROP&D ANEEL, que utiliza os dados e informações gerados e registrados na plataforma 100 Open Startups para produzir conhecimento científico.
O levantamento de dados que embasam esse estudo conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, por meio do programa PIPE-FAPESP.
Diferenciais da abordagem da 100 Open Startups
O principal foco da 100 Open Startups é fomentar o desenvolvimento da inovação por meio da cooperação entre startups e corporações, a open innovation com startups. As informações que tratamos abordam qualquer contato ou relacionamento entre esses dois tipos de empresas, e não apenas aportes ou investimentos diretos. Entendemos que os relacionamentos de open innovation podem acontecer de diversas formas e diferentes intensidades e buscamos mapeá-los desde o início.
Dessa forma, não nos concentramos apenas nas startups já identificadas e investidas por fundos de venture capital, como a maior parte das bases de inteligência de mercado. O foco do Ranking 100 Open Startups está concentrado nas startups em estágios iniciais, realizando suas primeiras parcerias institucionais no mercado e atingindo seus primeiros resultados. Afinal, nosso foco é a evolução do ecossistema de inovação como um todo.
Nosso objetivo é mapear os próximos movimentos de inovação que definem as tendências e a convergência de investimento nos estágios seguintes. Procuramos identificar: o que vem a seguir? Quais são as startups emergentes que definirão o cenário do mercado nos próximos anos? Quais são as empresas mais preparadas para a transformação de seus setores? Quais são as tendências de inovação mais intensas, que têm mais participantes empresas e startups?
Para buscar respostas para essas questões, nos debruçamos na análise dos dados coletados para a construção do Ranking 100 Open Startups ao longo dos últimos cinco anos.
Metodologia
A metodologia do Ranking 100 Open Startups pontua as startups que mais despertam interesse em médias e grandes instituições a cada ano (as Open Startups) e, na outra ponta, as empresas que mais estabelecem relações de negócio com startups (as Open Corps).
São consideradas elegíveis para o Ranking as startups validadas enquanto tal por especialistas do ecossistema, executivos de empresas e investidores, de acordo com a metodologia da 100 Open Startups. Além disso, as startups devem ter faturamento inferior a R$ 10 milhões no exercício fiscal do ano anterior à publicação do Ranking, não ter recebido mais de R$ 10 milhões em investimento direto e não ser controlada por grupo econômico, mas sim por empreendedores à frente do negócio.
Para a categoria TOP Open Corps, são consideradas elegíveis as corporações com faturamento superior a R$ 100 milhões ou mais de 100 funcionários.
Para compor a pontuação, são consideradas a quantidade e a intensidade dos relacionamentos declarados, categorizados em 16 tipos, divididos em quatro grandes grupos, com pontuação equivalente a 1 a 20 pontos, conforme detalhado na tabela a seguir:
Grupo | Pontos | Categoria |
---|---|---|
GRUPO A
Posicionamento |
1 a 20 pontos | 1. Capacitação e mentoria |
2. Matchmaking e conexões |
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3. Reconhecimentos e premiações |
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4. Espaços de coworking |
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GRUPO B
|
5 a 20 pontos | 5. Vouchers de serviço e tecnologia |
6. Licenciamento de PI da grande empresa |
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7. Acesso a recursos não-financeiros |
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8. Acesso a base de colaboradores |
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9. Acesso a base de clientes e canais de vendas |
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GRUPO C
Desenvolvimento |
10 a 20 pontos | 10. Recursos para P&D e prototipagem |
11. Licenciamento de PI da startup |
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12. Contratação de projeto piloto |
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13. Fornecimento de serviço ou produto inovador |
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GRUPO D
Investimento |
10 a 20 pontos | 14. Programa de aceleração |
15. Investimento com participação acionária minoritária |
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16. Aquisição e incorporação |
A corporação recebe de 1 a 20 pontos por startup com a qual tem algum contrato, conforme o contrato melhor pontuado com cada startup, e são ranqueadas de acordo com essa pontuação.
O método de classificação se baseia nas informações enviadas formalmente por meio da plataforma 100 Open Startups. As próprias startups e empresas informam quando um relacionamento é estabelecido, qual é a natureza desse relacionamento, sua vigência e outros dados utilizados pela equipe auditoria para validação desses relacionamentos. Nosso papel é verificar, com a outra ponta, a coerência das informações cadastradas e validar a pontuação.
Todas as informações registradas na plataforma são tratadas de forma confidencial e utilizadas apenas de forma quantitativa para a geração do Ranking 100 Open Startups, e de forma agregada e anonimizada para a publicação de estudos como este.
Mais informações sobre o Ranking 100 Open Startups e as listas de corporações e startups premiadas desde a primeira edição podem ser consultadas no link: 100os.net/ranking.
Principais insights do TOP Open Corps 2021
Ao compilar as informações do TOP Open Corps 2021, obtivemos uma série de insights que compartilhamos neste estudo. Cada um dos insights é ilustrado com informações, dados e gráficos que os sustentam.
- A Open Innovation com Startups mais do que dobra a cada ano e não há sinais de que esse crescimento vai parar tão cedo
- A curva de aprendizado é vigorosa, e a intensidade da Open Innovation com Startups dobra a cada ano entre as empresas mais bem ranqueadas
- O número de empresas com relacionamento de open innovation superou o de startups
- Empresa de todos os setores e de todos os tipos procuram fazer negócios com as startups
- O interesse dos executivos pelas startups não é mais apenas um hype
- Quem procura acha, e não é tarde demais para começar
- Perfil do Campeão
Faça o download da análise dos principais insights gerados no TOP Open Corps 2021 ilustrados com informações, dados e gráficos completos.
Sobre a 100 Open Startups
A origem:
O movimento Open Startups nasceu em 2015 no Brasil, quando as grandes empresas mantenedoras da Open Innovation Week, comunidade de praticantes de open innovation, em parceria com a coordenação nacional do Desafio Brasil da Fundação Getulio Vargas, principal competição de startups da época, selecionaram 100 startups para cocriar projetos de inovação em parceria. Sua origem, no entanto, remonta a criação do Centro de Open Innovation - Brasil, em 2008, iniciativa pioneira no tema e que liderou inúmeras ações de fomento à inovação aberta e ao empreendedorismo no país, como a Open Innovation Week. Fruto da colaboração entre o professor Henry Chesbrough, da Universidade da Califórnia - Berkeley, e o pesquisador Bruno Rondani, da FGV-EAESP, o Centro de Open Innovation - Brasil tinha o objetivo de reunir os praticantes de open innovation em torno de uma comunidade de prática conectada com a academia nacional e internacional para criar um modelo de referência para a prática de open innovation no Brasil.
O Ranking:
Desse esforço, surgiu o Ranking 100 Open Startups, que monitora a intensidade da prática de open innovation entre corporações e startups. O ranking é baseado em critérios objetivos, medidos a partir da quantidade e intensidade de relacionamentos que as startups estabelecem com o mercado corporativo.
O propósito:
O propósito da 100 Open Startups é fomentar a criação de soluções inovadoras com alto potencial de impacto positivo para o mercado, a sociedade e as pessoas, a partir da colaboração entre corporações e startups.
A evolução: de movimento para plataforma
Com o apoio inicial de mais de 100 grandes empresas, o movimento cresceu e evoluiu para uma plataforma online e uma série de eventos que estimulam a interação e facilitam a conexão entre corporações e startups para a geração de negócios em inovação. A plataforma permite, de um lado, que empresas rapidamente identifiquem, atraiam e selecionem as startups mais aptas para colaboração em iniciativas de inovação; do outro lado, que as startups mais atraentes e validadas pelas corporações se tornem rapidamente mais visíveis, viabilizando-as no mercado.
A rede:
A plataforma conta com o engajamento de mais de 150 mil participantes, público formado principalmente por dois grupos prioritários: de um lado, executivos de empresas estabelecidas, com oportunidades e demandas por inovação; e, do outro lado, empreendedores de startups dispostos a oferecer e cocriar soluções inovadoras para os desafios do mercado e da sociedade, do mercado e das pessoas.
Os resultados:
A plataforma 100 Open Startups já atraiu quase 5.000 empresas em busca de startups e mais de 18,4 mil startups em busca de parceiros no mercado corporativo. Ao todo, registrou cerca de 39 mil relacionamentos de open innovation que geram, por ano, mais de R$ 2 bilhões em contratos de open innovation. Nas cinco primeiras publicações, o Ranking 100 Open Startups premiou 521 open startups que se destacam hoje no mercado.
O futuro:
A 100 Open Startups trabalha para democratizar a capacidade, o acesso e os benefícios da inovação. A visão é que, a partir da inovação colaborativa e do ato empreendedor, todos os desafios do mercado, da sociedade e das pessoas encontrem uma solução.
Links:
Para saber mais sobre o Ranking 100 Open Startups, acesse 100os.net/ranking
Para saber mais sobre a 100 Open Startups, acesse openstartups.net.
Para receber os próximos estudos publicados pela 100 Open Startups, cadastre-se no app em 100os.app
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Créditos
Autores:
Bruno Rondani
Rafael Rocha Levy
Carla Depieri Colonna
Marco Antonio Petucco Junior
Ricardo Kahn
Equipe Técnica:
Claudio Mazzola
Daniel Santos
Rebecca Johnson
Fabricio Polato