Carta dos Fundadores
Quando criamos o Centro de Open Innovation Brasil em 2008, a open innovation não tinha ainda um foco específico. Empresas buscavam a relação com universidades, clientes, fornecedores, com outras indústrias. Aprendemos muito com essas primeiras experiências. Mas a verdade é que a prática tracionava em ritmo ainda lento.
Porém, quando, como comunidade, criamos o conceito e a metodologia que batizamos de “open startups”, o mercado corporativo de fato entrou no jogo. Esse conceito e as ferramentas desenvolvidas para a prática de open innovation mudaram completamente o paradigma do relacionamento entre corporações e startups. Com isso, essa prática de open innovation explodiu!
Foi essa grande transformação que originou o que conhecemos hoje como nosso ecossistema de inovação. O ecossistema de inovação brasileiro.
Por meio das open startups, executivos de corporações se conectam ao universo do ecossistema vivo e pulsante do empreendedorismo; com as open corps, as startups acessam oportunidades, validam e dão escala de suas soluções.
Por meio de interações, feedbacks, surgem as novas oportunidades, nasce a inovação e surgem os novos negócios.
O método “open startups” continua evoluindo, e hoje é um grande movimento de cultura aberta à inovação!
Os papéis atualmente são muito mais fluídos. Executivos enfrentam desafios que só podem ser superados por inovação, e pela inovação aberta. E as open startups estão lá, prontas para ajudar.
Desta forma, as organizações passam a se comportar cada vez mais como ecossistemas.
14 anos depois da criação do Centro de Open Innovation Brasil, e após 7 edições do Ranking 100 Open Startups, nós reconhecemos claramente o impacto da open innovation e das open startups como ferramentas de transformação - não apenas das corporações, mas do mercado e da sociedade, e especialmente das pessoas.
Podemos afirmar, com muito orgulho, que o Brasil possui a maior e mais vibrante comunidade de open innovation do mundo. Executivos e empreendedores no Brasil vivem uma cultura de colaboração.
Não acredita? Venha experimentar!
O nosso ecossistema é referência internacional, e o que vemos hoje é o movimento “open startups” se expandindo para toda a América Latina e outras regiões do mundo. A inovação aberta se consolidou como estratégia fundamental das corporações líderes do mercado.
Como vocês verão aqui neste estudo, apenas neste último ano, foram quase 4.500 corporações que se envolveram com startups.
O Ranking 100 Open Startups é a celebração desse grande movimento. É uma conquista de todo o mercado brasileiro, que aderiu à proposta do Ranking desde 2016 e, ano a ano, contribui com dados valiosos sobre a prática de open innovation com startups no país. Dados esses que agora nós podemos devolver ao mercado e ao ecossistema de inovação na forma de estudos como este aqui e outros que virão.
Nosso objetivo com este levantamento é compartilhar conhecimento que possa auxiliar corporações, startups e demais atores do ecossistema de inovação a direcionarem e otimizarem seus esforços nesta cada vez mais promissora prática de inovação e negócios.
Muito obrigado e boa leitura!
Bruno Rondani, CEO
Rafael Levy, CTO
Carla Colonna, COO
Fundadores da 100 Open Startups
Introdução
O Ranking 100 Open Startups destaca, anualmente, as startups mais atraentes para o mercado corporativo. Publicado desde 2016, a partir da edição 2018, passou a destacar, também, as corporações que mais se engajam no relacionamento com startups, as Open Corps.
Desde a primeira edição, observamos um grande amadurecimento do ecossistema de inovação e empreendedorismo no Brasil e o aumento exponencial da prática de Open Innovation com Startups no país. Assim, a publicação, que contou com 82 empresas participantes em 2016, hoje registra quase 4.500 corporações com contratos firmados com startups nos últimos 12 meses.
O Ranking 100 Open Startups é construído a partir da coleta de dados primários, validados por um processo de verificação e auditoria. Em outras palavras, o Ranking mede, de forma objetiva, o volume e a intensidade das relações de open innovation estabelecidas entre startups e empresas, permitindo espelhar os pontos dados às empresas e às startups.
A divulgação dos resultados do Ranking 100 Open Startups 2022 foi dividida em dois momentos: a premiação das TOP Open Corps e a premiação das TOP Open Startups e demais categorias. Para a premiação de corporações, com o expressivo aumento na densidade de empresas realizando Open Innovation com Startups, neste ano, além das TOP 100 Open Corps, também foram reconhecidas as TOP Open Corps em 25 categorias setoriais com mais densidade de relacionamentos.
Tanto as corporações como as startups incluídas nas listas TOP 100 e TOP Categorias colhem benefícios tangíveis por meio de reconhecimento e reputação no ecossistema de inovação. Mas o impacto do Ranking vai muito além das premiadas, já que todo o mercado pode se beneficiar da geração de dados, análises e estudos sobre a prática da Open Innovation com Startups no país, possíveis graças à natureza data-driven da metodologia do Ranking.
Nesses panoramas mais amplos, oferecidos a todo o ecossistema, podemos observar e destacar os principais movimentos de inovação aberta no país, sua densidade e concentração. A partir dos dados coletados, identificamos quais são as modalidades de relacionamento mais comuns, os valores envolvidos e os setores que trazem mais oportunidades.
Incentivamos a pesquisa científica em torno da inovação e empreendedorismo e apoiamos iniciativas que se aproveitam dos dados para gerar conhecimento, com destaque para a criação do joint-Lab Bridge Ecosystem, liderado pela Universidade de São Paulo, que tem como finalidade a construção de novas metodologias e ferramentas de gestão de ecossistemas. Esse projeto conta com apoio do Programa de P&D ANEEL da ISA CTEEP.
O levantamento dos dados que embasam este estudo conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, por meio do programa PIPE-FAPESP.
Diferenciais da abordagem da 100 Open Startups
O principal foco da 100 Open Startups é fomentar o desenvolvimento da inovação por meio da cooperação entre startups e corporações, a open innovation com startups. As informações que tratamos abordam relacionamentos para inovação entre esses dois tipos de empresas. Entendemos que os relacionamentos de open innovation podem acontecer de diversas formas e diferentes intensidades e buscamos mapeá-los desde o início.
Dessa forma, vamos além das startups já identificadas e investidas por fundos de venture capital, como a maior parte das bases de inteligência de mercado. O Ranking 100 Open Startups está concentrado nas startups em estágios iniciais, realizando suas primeiras parcerias institucionais no mercado e atingindo seus primeiros resultados. Afinal, nosso foco é a evolução do ecossistema de inovação como um todo.
Nosso objetivo é mapear os próximos movimentos de inovação que definem as tendências e a convergência de investimento nos estágios seguintes. Procuramos identificar: o que vem a seguir? Quais são as startups emergentes que definirão o cenário do mercado nos próximos anos? Quais são as empresas mais preparadas para a transformação de seus setores? Quais são as tendências de inovação mais intensas, que têm mais participantes empresas e startups?
Para buscar respostas para essas questões, nos debruçamos na análise dos dados coletados para a construção do Ranking 100 Open Startups ao longo dos últimos sete anos.
Metodologia
A metodologia do Ranking 100 Open Startups pontua as startups que mais despertam interesse em médias e grandes instituições a cada ano (as Open Startups) e, na outra ponta, as empresas que mais estabelecem relações de negócio com startups (as Open Corps).
São consideradas elegíveis para o Ranking as startups validadas enquanto tal por especialistas do ecossistema, executivos de empresas e investidores, de acordo com a metodologia da 100 Open Startups. Além disso, as startups devem ter faturamento inferior a US$ 2,5 milhões no exercício fiscal do ano anterior à publicação do Ranking, não ter recebido mais de US$ 2,5 milhões em investimento direto e não ser controlada por grupo econômico, mas sim por empreendedores à frente do negócio.
Para a categoria TOP Open Corps, são consideradas elegíveis as corporações com faturamento superior a US$ 20 milhões ou mais de 100 funcionários.
Para compor a pontuação, são consideradas a quantidade e a intensidade dos relacionamentos declarados, categorizados em 16 tipos, divididos em quatro grandes grupos, com pontuação equivalente a 1 a 20 pontos, conforme detalhado na tabela a seguir:
Grupo | Pontos | Categoria |
---|---|---|
GRUPO A
Posicionamento |
1 ponto | 1. Capacitação e mentoria |
2. Matchmaking e conexões |
||
3. Reconhecimentos e premiações |
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4. Espaços de coworking |
||
GRUPO B
|
5 pontos | 5. Vouchers de serviço e tecnologia |
6. Licenciamento de PI da grande empresa |
||
7. Acesso a recursos não-financeiros |
||
8. Acesso a base de colaboradores |
||
9. Acesso a base de clientes e canais de vendas |
||
10. Programa de aceleração |
||
GRUPO C
Desenvolvimento |
10 pontos | 11. Recursos para P&D e prototipagem |
12. Licenciamento de PI da startup |
||
13. Contratação de projeto piloto |
||
14. Fornecimento de serviço ou produto inovador |
||
GRUPO D
Investimento |
20 pontos | 15. Investimento com participação acionária minoritária acima de U$$ 100 mil |
16. Aquisição e incorporação de valor acima de U$$ 100 mil |
O método de classificação se baseia nas informações enviadas formalmente por meio da plataforma 100 Open Startups. As próprias startups e empresas informam quando um relacionamento é estabelecido, qual é a natureza desse relacionamento, sua vigência e outros dados utilizados pela equipe de auditoria para validação desses relacionamentos. Nosso papel é verificar, com a outra ponta, a coerência das informações cadastradas e validar a pontuação.
Todas as informações registradas na plataforma são tratadas de forma confidencial e utilizadas apenas de forma quantitativa para a geração do Ranking 100 Open Startups, e de forma agregada e anonimizada para a publicação de estudos como este.
Mais informações sobre o Ranking 100 Open Startups e as listas de corporações e startups premiadas desde a primeira edição podem ser consultadas no link: 100os.net/ranking.
Principais insights do TOP Open Corps 2022
Ao compilar as informações do TOP Open Corps 2022, obtivemos uma série de insights que compartilhamos neste estudo. Cada um dos insights é ilustrado com informações, dados e gráficos que os sustentam.
- A Open Innovation com Startups mais do que dobra a cada ano e não há sinais de que esse crescimento vai parar tão cedo
- A curva de aprendizado é vigorosa, e a intensidade da Open Innovation com Startups dobra a cada ano entre as empresas mais bem ranqueadas
- O número de empresas com relacionamento de open innovation superou o de startups
- Corporações dos principais setores procuram fazer negócios com as startups
- O interesse dos executivos pelas startups é um novo mainstream
- Quem procura startups acha, e quem não se capacitar vai ficar para trás
- Perfil do Campeão
Veja como foi o anúncio oficial dos TOP 100 Open Corps e dos TOP Categorias com a participação de mais de 100 CEOs das grandes vencedoras.
Principais Insights do TOP Open Corps 2022
1 - A Open Innovation com Startups mais do que dobra a cada ano e não há sinais de que esse crescimento vai parar tão cedo
Ao receber o registro dos relacionamentos entre empresas e startups (chamados genericamente de “contratos”), o sistema da 100 Open Startups atribui uma pontuação para esses relacionamentos, dependendo de sua profundidade e impacto. Dessa maneira, podemos avaliar os relacionamentos tanto em termos de volume (o número de contratos) como por intensidade (a pontuação).
Os anos de 2020 e 2021 foram especialmente desafiadores para a economia brasileira, por conta dos impactos da pandemia da Covid-19 e da recessão econômica. Ainda assim, pudemos notar um grande aumento na atividade de open innovation entre corporações e startups nesses anos.
O número anual de relacionamentos de open innovation entre corporações e startups mais do que quintuplicou de 2019 a 2022. Foram registrados 8.050 relacionamentos em 2019, 13.433 em 2020, 26.348 em 2021 e 42.588 em 2022. Enquanto isso, o número de pontos no ranking se multiplicou por sete no mesmo período e, de 2016 para cá, vem crescendo a uma taxa média de 113% ao ano.
Esse forte crescimento na pontuação é fruto não apenas do aumento da quantidade de contratos firmados, mas também do fato de que esses contratos vêm se tornando cada vez mais intensos e impactantes, já que o número médio de pontos registrados por contrato quase dobrou desde 2016, com uma taxa de crescimento anual de 11%.
Um crescimento tão marcante nos levou a pensar se estaríamos próximos a um ponto de saturação. Porém, entendemos que essa saturação ainda está distante, principalmente devido a dois grandes fatores:
A. O ritmo continua acelerado - O ritmo de entrada de novas empresas vem acelerando e não há nenhum sinal de que estamos próximos a um ponto de saturação.
B. As empresas melhoram com o tempo - podemos observar uma tendência de a intensidade de open innovation aumentar de acordo com a curva de aprendizado das empresas, conforme elas se desenvolvem na prática e se relacionam mais com startups. Esse tópico será explorado detalhadamente no próximo insight.
2 - A curva de aprendizado é vigorosa, e a intensidade da Open Innovation com Startups dobra a cada ano entre as empresas mais bem ranqueadas
As empresas ganham muita intensidade nos relacionamentos de Open Innovation com Startups conforme amadurecem suas práticas. As empresas top 10% no ranking têm o número médio de contratos vigentes multiplicado por 30 até seu quinto ano na prática, e multiplicado por 54 até o sexto ano.
Em termos de valores dos contratos, tais empresas quase dobram a intensidade ano após ano, aumentando 20 vezes o valor das transações nos seis primeiros anos de atividade.
Das 100 empresas com maior pontuação em 2022, 95 já estavam no Ranking em 2021. Das 1.000 empresas com menor pontuação em 2022, apenas 196 já estavam no Ranking em 2021.
3 - O número de corporações com relacionamento de open innovation continua maior que o de startups
A cada ano, identificamos mais corporação e mais startups que se engajam em relacionamentos de open innovation entre si.
Em 2020, o número de empresas com relacionamentos de open innovation superou o número de startups, e essa tendência se acentuou em 2021. Entretanto, em 2022 o ritmo de entrada de novas startups acelerou mais do que a entrada de novas empresas e, caso a tendência se mantenha, voltaremos ao equilíbrio em 2023. Atualmente, o número de corporações que praticam open innovation com startups é 16% maior que o de startups que praticam open innovation com corporações.
A competitividade é fortemente afetada pelo tipo de relacionamento praticado pela empresa. Dentre as Open Corps, identificamos dois tipos gerais de relacionamento com as Open Startups:
A) Relacionamentos para funções core da empresa
É o tipo de relacionamento onde a empresa utiliza o serviço, produto ou o trabalho da startup para alguma função que trará um diferencial competitivo em uma de suas atividades principais.
Nessa forma de relacionamento, a empresa tende a buscar algum tipo de exclusividade no relacionamento com a startup, seja por meio de cláusulas contratuais por ocasião da contratação, seja por meio de alguma forma de investimento (ou opções de investimento).
Nesse tipo de contratação, as empresas tendem a se relacionar com startups de comunidades correlatas a seus setores: empresas agrícolas se relacionam com AgTechs, empresas alimentícias com FoodTechs, e assim por diante.
B) Relacionamento para funções de suporte
Nesses relacionamentos, a empresa utiliza serviços ou produtos da startup para funções de suporte, como Recursos Humanos, Compras, Contabilidade, Jurídico ou outras.
As relações costumam ser mais orientadas para contratação comercial, como desenvolvimento de provas de conceito ou aquisição de produtos e serviços.
Para esses relacionamentos, a empresa normalmente não tem vantagens significativas na obtenção de exclusividade para com as startups. Pelo contrário, quanto maior a exposição da startup ao mercado, melhor tende a ficar seu produto ou serviço, graças ao ganho de escala e de experiência.
O diagrama de rede abaixo mostra alguns dos relacionamentos entre os setores de empresas (em azul escuro) e as comunidades de startups (em azul claro). Foram mapeados apenas os relacionamentos mais comuns, demonstrados pela espessura da linha de ligação.
No diagrama, as empresas do setor “Bens de Consumo e Alimentação”, por exemplo, relacionam-se com diversas comunidades de startups. Na outra ponta, as comunidades que provêm serviços de suporte à operação, como as HRTechs se relacionam com empresas de diversos setores.
Algumas comunidades com relacionamentos mais específicos com um setor, como as MarTechs e as FoodTechs, podem oferecer produtos e serviços que atendam funções core dentro da empresa cliente. Com isso, seus relacionamentos tornam-se mais estratégicos para essas empresas, que tendem a pressionar por relações exclusivas, colocando obstáculos ao acesso dessas startups a outras empresas de seu setor, ou mesmo de outros setores.
Por outro lado, as startups da comunidade “ProductivityTechs”, por exemplo, cultivam relacionamentos com setores de empresas bastante diversificados. Isso pode ser explicado pela característica dos produtos e serviços oferecidos por essas empresas, que se adequam bem a funções de suporte à operação dentro das empresas. Com isso, têm uma amplitude maior de clientes-alvo e, em geral, não sofrem uma forte pressão competitiva por exclusividade no relacionamento.
4 - Corporações dos principais setores procuram fazer negócios com as startups
A distribuição dos pontos do Ranking entre os setores das empresas apresenta uma grande dispersão. Algumas das categorias com maior intensidade de Open Innovation com Startups são “Bens de Consumo e Alimentação”, “Energia Elétrica e Renováveis” e “Mineração e Metais”. No entanto, as 25 categorias de corporações premiadas no Ranking 100 Open Startups 2022 apresentam quantidades relevantes de contratos.
A distribuição entre as categorias vem agregando diversificação ao longo dos anos, o que mostra que novas indústrias vêm ingressando cada vez com mais intensidade na Open Innovation com Startups.
Entre as TOP 100 Open Corps, quase a totalidade é composta por grandes empresas. É natural que haja esse predomínio, uma vez que o Ranking considera números absolutos de contratos e pontuação, o que naturalmente beneficia as estruturas maiores.
No entanto, ao observarmos o conjunto completo das corporações que se relacionaram com startups no mesmo período, podemos notar participação relevante de empresas médias (35,9%), entidades governamentais (11,8%), ONGs, academia e outras instituições. Isso mostra que a disposição de fazer negócios com startups no Brasil já se espalha através dos diversos tipos de organização. O acompanhamento dessa tendência ao longo dos anos poderá revelar seus caminhos, bem como levantar insights sobre as relações causais entre a open innovation e o crescimento das empresas.
5 - O interesse dos executivos pelas startups é um novo mainstream
Em 2016, na primeira edição do Ranking 100 Open Startups, houve 1.157 executivos envolvidos, representando empresas com mais de 100 funcionários, que se relacionaram com as startups cadastradas. Na edição de 2022, tivemos um total de 15.629 executivos, envolvidos com Open Innovation com Startups.
Os motivos pelos quais os executivos se engajam com startups estão descritos no gráfico a seguir. Apesar da principal razão ainda ser “procurar soluções para oportunidades na empresa”, no último ano, vimos um aumento nos executivos buscando “conhecer novas ideais e inovações” e “auxiliar empreendedores no desenvolvimento do negócio”.
Esse aumento se deve ao número crescente de executivos que estão buscando se capacitar em open innovation e entendem que a melhor forma de aprender sobre o ecossistema de inovação é por meio da prática: conhecer startups, interagir com esses empreendedores e contribuir, com sua própria bagagem e conhecimento, para o desenvolvimento dessas soluções. A partir dessas interações e da proximidade com esse ecossistema, é possível desenvolver a capacidade de reconhecer boas oportunidades e, de fato, gerar valor com startups.
A 100 Open Startups promove o matchmaking entre executivos e startups, gerando oportunidades de negócio entre corporações e as novas soluções disponíveis no ecossistema de inovação. Também conta com um programa de capacitação executiva que prepara equipes para a geração de valor com startups, o Programa 100-10-1 Startups. A cada mês, são milhares de interações, contribuições e feedbacks entre esses executivos e as startups do programa, realizados por meio da plataforma.
6 - Quem procura startups acha, e quem não se capacitar vai ficar para trás
Com a maior maturidade do ecossistema empreendedor brasileiro, as barreiras para a Open Innovation com Startups vêm sendo reduzidas. A capacitação dos profissionais vem aumentando, os executivos já contemplam a prática com maior seriedade e dedicação, as startups já estão aprendendo como se relacionar com as corporações e já há informações bem divulgadas no mercado que apoiam o encontro entre os participantes.
Quem está disposto a buscar cooperação no relacionamento empresa-startup efetivamente consegue.
Da mesma forma, entendemos que, para as empresas que ainda não têm relacionamentos de Open Innovation com Startups, não é tarde para começar, principalmente por três motivos:
A) É fácil contratar startups experientes em serviços de suporte à operação
Um ponto de partida possível para as corporações são as startups que provêm serviços de suporte e que já possuem prática no relacionamento com grandes empresas. Há uma grande variedade de soluções validadas por empresas bem conhecidas, em casos bem documentados. Essas startups, em geral, já estão acostumadas a navegar através dos processos burocráticos de uma corporação. São essas startups que, em geral, desenvolvem contratos com o maior número de corporações.
Startups por Corp | Corps por Startup | ||
---|---|---|---|
% | startups | % | corps |
Top 1% Corps | 112 | Top 1% Startups | 75 |
Top 5% Corps | 38 | Top 5% Startups | 34 |
Top 25% Corps | 10 | Top 25% Startups | 12 |
Top 50% Corps | 6 | Top 50% Startups | 8 |
Todas as Open Corps | 3 | Todas as Open Startups | 5 |
Recomendamos que esse caminho não seja trilhado sozinho, mas com apoio de uma ou mais organizações de apoio ao ecossistema. Há uma variedade de agentes do ecossistema que se empenham em apoiar o desenvolvimento da open innovation nas empresas, desde entidades governamentais a hubs de inovação, passando por aceleradoras, consultorias, fundos de investimento e outros.
B) É possível encontrar uma enorme variedade de produtos e serviços entre as startups
Apesar de as startups mais destacadas no Ranking terem relacionamentos com uma grande variedade de empresas, existe uma quantidade muito grande de startups bastante competentes atendendo a todo tipo de demanda, seja ela genérica ou específica. Esses diferentes perfis e sua grande diversidade de soluções disponíveis para o mercado podem ser conhecidos em mais detalhes nos reports setoriais da 100 Open Startups
Antecipamos alguns dados aqui que podem dar a dimensão da oportunidade: no Ranking de 2022, 3.821 startups desenvolveram relacionamentos de open innovation com empresas (2.414 em 2020). Apesar de expressivo, esse número pode ser entendido como uma fração do potencial existente, já que a 100 Open Startups registra hoje mais de 25 mil startups em sua plataforma, número que aumenta a cada mês, representando uma crescente quantidade de startups que ainda não concretizaram esse tipo de relacionamento e buscam boas oportunidades para fazê-lo.
Muitas das startups se identificam em “comunidades” temáticas, de acordo com a solução que desenvolvem. As comunidades com maior número de startups no Ranking 100 Open Startups 2022 foram Artificial Intelligence, Productivity e Big Data, nessa ordem. Já as comunidades com maior pontuação foram Artificial Intelligence, Big Data e Productivity, nessa ordem.
C) A maior parte das corporações ainda está no início da curva de aprendizado
Das empresas cujos executivos se inscreveram na plataforma, cerca de dois terços (69%) já conseguiram desenvolver pelo menos um contrato de Open Innovation com Startups. Isso revela certamente um crescimento em relação aos anos anteriores, mas também mostra uma massa significativa de empresas interessadas e ainda em fase de aprendizado
Na realidade, apenas 150 Open Corps (3%) alcançaram, na atual edição do Ranking 100 Open Startups, uma marca acima de 100 pontos. É um crescimento grande em relação à edição 2021, onde isso foi alcançado por apenas 99 empresas, mas o número ainda é pequeno e revela uma grande massa de empresas em etapas de aprendizado.
A distribuição dos relacionamentos de open innovation entre startups não segue um diagrama de Pareto (curva ABC), mas se assemelha mais a uma “curva de cauda longa”. As Top 10% Open Corps representam 57,5% do total de pontos. As Top 30% Corps representam 74,8% dos pontos.
As TOP 100 Open Corps representam 38,7% dos pontos do Ranking, enquanto que os demais 61,3% estão divididos entre as outras 4.349 empresas que pontuaram na edição 2022.
7 - Perfil do Campeão
O que existe em comum entre as empresas premiadas como TOP Open Corps é que observamos que são empresas que vivem seu propósito, valorizam suas pessoas, ouvem mais seus clientes, fornecedores e parceiros. São empresas que se organizam capacitando as suas pessoas para gerar valor com startups e se abrindo à colaboração a partir de processos bem estruturados, visíveis, bem comunicados e transparentes.
São empresas que fortalecem e investem no ecossistema de inovação como um todo. Ou seja, não estão nele apenas para capturar e aproveitar o valor criado por terceiros, mas criam valor para o ecossistema, dando feedbacks, compartilhando conhecimento, disponibilizando recursos e investindo.
Complementar a isso, a título de ilustração, apresentamos aqui uma alegoria de como seria um perfil do campeão tendo como base unicamente as características específicas em comum nas TOP 100 Open Corps. É importante ressaltar que os itens listados não implicam em uma relação causal, o que ainda não foi analisado. Porém revelam o perfil típico de uma empresa bem classificada no Ranking 100 Open Startups.
Uma Open Corp campeã:
- É uma grande empresa (99% das TOP 100 Open Corps são grandes empresas).
- Tem um programa de Open Innovation estruturado e visível ao mercado (as empresas com programas estruturados são até 7 vezes mais efetivas em fechar contratos que as que não têm).
- Se comunica com o mercado e ecossistema reforçando sua disposição em desenvolver Open Innovation com Startups.
- Tem ao menos três programas de open innovation, mecanismos de investimento ou programas de P&D (média de 3,5 programas entre as TOP 100 Open Startups).
- Mantém parcerias diversas com agentes do ecossistema, como hubs de inovação, órgãos públicos, aceleradoras, consultorias ou outros (94% dos contratos dos programas de open innovation mapeados provêm de empresas que trabalham com agentes do ecossistema).
- Contratam startups como fornecedoras de serviços de suporte à operação e também desenvolvem projetos mais específicos com startups mais ligadas ao seu core business (50% dos contratos são de fornecimento de serviço ou produto).
Limitações do Estudo
É importante destacar algumas limitações que podemos identificar no estudo, que, apesar de exigirem certo cuidado na análise, não diminuem sua relevância ou importância no ambiente empreendedor brasileiro.
Em primeiro lugar, a principal fonte de dados deste estudo são os dados primários do Ranking 100 Open Startups. A representatividade desses dados foi validada por um mapeamento de todos programas de Open Innovation com Startups visíveis publicados por médias e grandes empresas no Brasil. Nessa análise de dados secundários, identificamos que as empresas que participam do Ranking 100 Open Startups representam mais de 95% das empresas que praticam Open Innovation no Brasil. Dessa forma, entendemos que a análises deste estudo são suficientemente acuradas e representativas do ecossistema de open innovation brasileiro.
Da mesma forma, por ter como principal fonte de dados o Ranking 100 Open Startups, o estudo tem foco nas corporações e startups qualificadas a participarem do Ranking - startups que apresentam um faturamento anual de até US$ 2,5 milhões, que não tenham recebido investimento superior a US$ 2,5 milhões e que não seja controlada por algum grupo econômico e, na outra ponta, corporações que tenham ao menos 100 funcionários ou ao menos US$ 20 milhões de faturamento anual.
O Ranking tem característica de “censo”, buscando identificar a totalidade dos relacionamentos de Open Innovation com Startups no mercado. Evidentemente, é possível que alguns grandes players tenham escapado à amostra, como mencionado acima. De qualquer forma, acreditamos que o estudo traz o melhor e mais completo panorama possível da situação atual do mercado.
O estudo é totalmente aberto a qualquer participante e tem uma enorme repercussão no ecossistema, com empresas e startups bastante dispostas a informar seus dados e, possivelmente, obterem alguma categoria de premiação. Além disso, a confidencialidade e segurança de dados da 100 Open Startups são bem reconhecidas no mercado, atraindo participantes muito dispostos a informar seus dados reais.
Por fim, também cabe destacar que, como a metodologia do ranking considera números absolutos de relacionamentos, contratos e pontos, ele tende a colocar as maiores organizações nos primeiros lugares. Por essa razão, é possível que o estímulo que essas corporações encontram para preencher os dados com maior exatidão seja maior do que o das organizações médias e pequenas. De qualquer forma, esse efeito costuma ser mitigado por meio da checagem dupla dos relacionamentos, usando tanto empresas como startups como fontes de informação - mesmo as empresas que não estariam interessadas em participar por si mesmas são incentivadas por suas startups parceiras a completar seus dados com exatidão.
Conclusões
O Ranking Open Startups 2022 nos mostra que, apesar da queda de atividade do venture capital, o ecossistema de startups, que já vinha crescendo de forma sustentada, mais uma vez cresceu muito.
Vimos a entrada de um número sem precedentes de empresas e startups que passaram a praticar inovação aberta, assim como o aumento da intensidade dos relacionamentos. As corporações, seguem em seu caminho de aprendizagem, investindo na capacitação de suas equipes para esse tipo de conexão.
Hoje, o Brasil conta com a maior e mais vibrante comunidade de open innovation com startups do mundo. São cerca de 25 mil startups e 7 mil corporações que hoje olham para essa prática e entendem que inovação hoje se faz com o ecossistema.
A premiação das TOP Open Corps de 2022 contou com a participação de mais de 100 CEOs das empresas premiadas, mostrando o impacto e a relevância da prática de open innovation nessas empresas. A inovação aberta não é mais vista como hype por executivos e tomadores de decisão. São resultados sólidos que aparecem e trazem uma reafirmação do interesse das empresas, cada vez mais abertas à inovação por meio da cooperação.
A 100 Open Startups seguirá divulgando relatórios e insights gerais, disponíveis para todos, mas também está à disposição para apoiar mais de perto corporações que buscam elevar sua prática de open innovation para o próximo nível - seja entendendo mais detalhadamente o ecossistema de inovação por meio de reports setoriais sobre open innovation com startups, seja capacitando suas equipes para gerar valor com startups.
Convidamos você a conhecer melhor nossa plataforma em www.openstartups.net. Conte com a 100 Open Startups na sua jornada de inovação.
Fale com nossos especialistas agora e saiba como acessar o report completo com dados e insights do seu setor:
Sobre a 100 Open Startups
A origem:
O movimento Open Startups nasceu em 2015 no Brasil, quando as grandes empresas mantenedoras da Open Innovation Week, comunidade de praticantes de open innovation, em parceria com a coordenação nacional do Desafio Brasil da Fundação Getulio Vargas, principal competição de startups da época, selecionaram 100 startups para cocriar projetos de inovação em parceria. Sua origem, no entanto, remonta a criação do Centro de Open Innovation - Brasil, em 2008, iniciativa pioneira no tema e que liderou inúmeras ações de fomento à inovação aberta e ao empreendedorismo no país, como a Open Innovation Week. Fruto da colaboração entre o professor Henry Chesbrough, da Universidade da Califórnia - Berkeley, e o pesquisador Bruno Rondani, da FGV-EAESP, o Centro de Open Innovation - Brasil tinha o objetivo de reunir os praticantes de open innovation em torno de uma comunidade de prática conectada com a academia nacional e internacional para criar um modelo de referência para a prática de open innovation no Brasil.
O Ranking:
Desse esforço, surgiu o Ranking 100 Open Startups, que monitora a intensidade da prática de open innovation entre corporações e startups. O ranking é baseado em critérios objetivos, medidos a partir da quantidade e intensidade de relacionamentos que as startups estabelecem com o mercado corporativo.
O propósito:
O propósito da 100 Open Startups é fomentar a criação de soluções inovadoras com alto potencial de impacto positivo para o mercado, a sociedade e as pessoas, a partir da colaboração entre corporações e startups.
A evolução: de movimento para plataforma
Com o apoio inicial de mais de 100 grandes empresas, o movimento cresceu e evoluiu para uma plataforma online e uma série de eventos que estimulam a interação e facilitam a conexão entre corporações e startups para a geração de negócios em inovação. A plataforma permite, de um lado, que empresas rapidamente identifiquem, atraiam e selecionem as startups mais aptas para colaboração em iniciativas de inovação; do outro lado, que as startups mais atraentes e validadas pelas corporações se tornem rapidamente mais visíveis, viabilizando-as no mercado.
A rede:
A plataforma conta com o engajamento de mais de 150 mil participantes, público formado principalmente por dois grupos prioritários: de um lado, executivos de empresas estabelecidas, com oportunidades e demandas por inovação; e, do outro lado, empreendedores de startups dispostos a oferecer e cocriar soluções inovadoras para os desafios do mercado e da sociedade, do mercado e das pessoas.
Os resultados:
A plataforma 100 Open Startups já atraiu quase 5.000 empresas em busca de startups e mais de 18,4 mil startups em busca de parceiros no mercado corporativo. Ao todo, registrou cerca de 39 mil relacionamentos de open innovation que geram, por ano, mais de R$ 2 bilhões em contratos de open innovation. Nas cinco primeiras publicações, o Ranking 100 Open Startups premiou 521 open startups que se destacam hoje no mercado.
O futuro:
A 100 Open Startups trabalha para democratizar a capacidade, o acesso e os benefícios da inovação. A visão é que, a partir da inovação colaborativa e do ato empreendedor, todos os desafios do mercado, da sociedade e das pessoas encontrem uma solução.
Links:
Para saber mais sobre o Ranking 100 Open Startups, acesse 100os.net/ranking
Para saber mais sobre a 100 Open Startups, acesse openstartups.net.
Para receber os próximos estudos publicados pela 100 Open Startups, cadastre-se no app em 100os.app
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Créditos
© 2022. 100 Open Startups
Autores:
Bruno Rondani
Rafael Rocha Levy
Carla Depieri Colonna
e Marco Antonio Petucco Junior
Equipe Técnica:
Daniel Santos
Lucas Campos
Rebecca Johnson
Igor Borgio